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Informativo Periódico

Boletim AELO Online 998

Ano 23
Nº 998
São Paulo
23/07/2024

Pesquisas: predomínio da Região Sudeste

A edição n. º 998 do AELO ON prossegue a série de textos iniciada na semana passada para reproduzir as principais reportagens do Caderno de Loteamentos Urbanos n. º 3 do “Estadão”, de 11 de julho. Outros textos do suplemento especial serão reproduzidos nos boletins n. º 999 e n. º 1.000. Desta vez, o boletim começa com o tema que foi manchete de capa do Caderno: “Rumo ao interior paulista. Região Sudeste responde por quase metade dos projetos do País e o entorno de Campinas é o foco no Estado de São Paulo”.

Importante: paralelamente às reproduções veiculadas no AELO ON, cada um dos associados da AELO receberá por meio dos Correios, na sede da empresa, exemplares da edição impressa do Caderno de Loteamentos n. º 3 do “Estadão”, de 12 páginas.

A equipe de repórteres e editores do “Estadão” optou por dedicar duas páginas do Caderno aos resultados de duas pesquisas encomendadas pela AELO: a da Ecconit Consultoria Econômica, iniciada em setembro de 2023 e concluída recentemente, e a da Brain Inteligência Estratégica, que tem sido feita a cada trimestre desde 2017.

A seguir, é reproduzido o texto que está na página 4 do caderno especial e que tem este título: “Campinas é a região paulista que mais lança loteamentos e tem maior estoque de terras”:

A Região Sudeste ainda é a responsável por quase metade dos projetos de loteamentos urbanos viabilizados no Brasil. Considerando o quarto trimestre de 2023, verifica-se que 48,9% dos lotes aprovados eram na Região Sudeste, seguida por Nordeste (21,2%), Centro-Oeste (14,2%), Norte (9%) e Sul (6,7%). É o que mostram os estudos Indicador Nacional e Paulista de Loteamentos e Mercado de Loteamentos, feitos por solicitação da AELO e do Secovi-SP à empresa Brain Inteligência Estratégica, de Curitiba.

Entre os destaques do levantamento estão o aumento de 34,8% no número de lançamentos de empreendimentos de lotes no País em relação ao trimestre anterior e a queda de 9,7% na comparação com o mesmo período de 2022. As vendas também registraram redução de 22,1% na comparação com o trimestre anterior e 1,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A Brain realizou ainda um levantamento específico sobre o mercado de loteamentos urbanos no Estado de São Paulo. A exemplo de pesquisas anteriores, o destaque fica para a Região Administrativa de Campinas, que concentrou, no ano passado, o maior índice de lançamentos e comercialização de lotes no Estado.

De acordo com a pesquisa, 47% dos empreendimentos de loteamentos urbanos lançados no Estado de São Paulo em 2023 estão na região de Campinas, seguida pelas regiões de São José do Rio Preto (9%), Sorocaba (7%), Ribeirão Preto (7%) e São José dos Campos (5%). A região também concentra o maior porcentual de lotes comercializados, com 28% do valor total. Na sequência aparecem as regiões de Ribeirão Preto (25%) e São José dos Campos (13%). Campinas também é a região com maior estoque de lotes do Estado, com 36,3% do total, seguida por Sorocaba (11,5%) e São José do Rio Preto (8,9%).

Essa foto de um loteamento em obras no distrito de Joaquim Egídio, no município de Campinas, produzida por Denny Cesare, ilustra a matéria do “Estadão”.

Valmir Gonçalves, da Imobiliária Prado Gonçalves, que atua há 39 anos no mercado de comercialização de loteamentos em Campinas, observa que essa é uma região muito próspera, que aceita muito bem esse tipo de empreendimento, apesar do período longo para aprovação dos projetos. “Podemos dar o exemplo do Swiss Parque, lançado em 2006, com 5 mil lotes residenciais”, afirma Gonçalves. “Com o sucesso, criou-se um loteamento empresarial na mesma região. Estamos fazendo a comercialização dele há cerca de 60 dias, com 80% já vendido.”

Gonçalves explica que a legislação para aprovação de loteamentos é complexa, pois a implementação mexe com o planejamento urbano da cidade. “Aí começa o calvário do loteador. Precisa fazer o EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança), dimensionar consumo de água, de energia elétrica, transporte público. Planejar áreas institucionais e de preservação. Respeitar diretrizes viárias. E ainda tem o cartório de registros imobiliários.”

De acordo com Gonçalves, até não muito tempo atrás, a venda de lotes era dividida entre pessoas que compravam para morar no local ou investir. Algo mudou: “Hoje, o investidor não confia tanto na rentabilidade e liquidez do empreendimento. Mas o Brasil ainda é patrimonialista.” Ele explica que, na região de Campinas, ainda existem muitas áreas disponíveis para loteamentos: “Em 2018, Campinas aprovou lei de expansão territorial. Paulínia, Hortolândia, Sumaré, Valinhos e Vinhedo têm força muito grande nesse mercado.”

Paulínia vem recebendo vários empreendimentos de alto padrão, acima de 200 metros quadrados. No mercado, cada casa construída chega a ter valor de R$ 1,1 milhão.” Segundo Gonçalves, o preço do lote é determinado por demanda. “A demora na aprovação afeta muito o preço. Mas Campinas é uma cidade de alto desenvolvimento, com uma infraestrutura excelente. É uma grande praça para esse tipo de produto. Raramente temos lotes remanescentes.”

Flávio Campos, hoje com 60 anos e morador de Campinas, explica que, desde jovem, tratou de comprar imóveis, principalmente terrenos. Para ele, os loteamentos são o melhor negócio: “É possível parcelar em mais vezes com valores menores. E, quando fica pronto, o negócio está mais consolidado do que imóvel.”

Campos comenta que Campinas ainda tem bastante espaço para crescer. “Ainda existe estoque de glebas, principalmente nos leitos das Rodovias Dom Pedro (que liga Campinas a Atibaia e ao Vale do Paraíba) e Adhemar de Barros (que liga o município a Jaguariúna, Mogi-Mirim, Mogi-Guaçu e outras cidades).” Entre as dicas que dá, ele destaca a necessidade do comprador conhecer bem empresa e o loteamento. “É um risco mais ou menos calculado. Eu prefiro ter terreno. Outra dica é comprar no início do empreendimento. Conforme a ocupação, os lotes vão ficando mais caros. Outra vantagem de adquirir um lote em vez de um imóvel, se o projeto for de moradia, é que a construção da casa pode ser feita de acordo com o gosto de cada um.”

Daniel Pazinatto, diretor da empresa de loteamentos Antônio Andrade Empreendimentos Imobiliários, afirma que Campinas tem uma série de atrativos: “A região possui malhas viária e aérea muito bem estruturadas. Tem boas universidades e escolas. É sede de grandes empresas. E, mesmo assim, preserva alguma qualidade de vida, em comparação com a cidade de São Paulo.”

Daniel, que foi delegado Regional da AELO em Campinas, destaca que, para moradia, o lote é uma opção muito mais personalizada. “Se pegar hoje loteamentos fechados de alto padrão, você compra um complexo de lazer.” Segundo ele, com a queda da taxa Selic, ainda deve crescer o número de pessoas que adquirem lotes como opção de investimento: “Saí dos investimentos bancários para lotes”, apesar de o preço na região estar acima da média do Estado. “Especialmente após a covid, com a consolidação da prática do home office, verificamos um crescimento grande na procura por lotes urbanos residenciais de médio e alto padrão. E, aqui na região, tudo é vendido rápido. Às vezes, dois ou três meses depois do lançamento praticamente esgota.”

Daniel Zica, corretor de imóveis da Ghia Imóveis, destaca que Campinas ficou muito tempo discutindo a Lei de Zoneamento e o Plano Diretor. Por causa disso, havia uma demanda represada no setor. “Cheguei a trabalhar com um loteamento que levou 14 anos para ser aprovado. Tinha demanda reprimida. O que ocorre hoje é um movimento natural.” Ele destaca que a compra de lotes é um investimento muito seguro. “Tem possibilidade de valorização maior, principalmente se for adquirido no lançamento. Mas é preciso tomar cuidado sobre qual é o seu momento de vida e a expectativa gerada com a compra.”

Zica explica que, na região de Campinas, entre o fim do ano passado e o começo de 2024, havia mais gente querendo comprar lotes do que o número de lotes à venda. “Campinas, hoje, está bem atendida no segmento, mas sempre tem espaço para coisa nova. Existe a possibilidade de complementar o residencial com empreendimentos comerciais e industriais.”

A CIA Multiplataformas, de Alexandre Xavier, aproveitou o fenômeno de superoferta de lotes, por causa de um período sem opções. “As vendas tiveram um aumento muito grande em três anos. Lançou-se muita coisa. E vendeu muito. Muita gente de São Paulo procurou o Interior para home office. E Campinas é uma das primeiras cidades que surgem como alternativa, por causa da proximidade da Capital, e de sua infraestrutura e qualidade de vida.”

 

SP concentra 50% dos empreendedores

A página 5 do Caderno de Loteamentos Urbanos n.º 3 do “Estadão”, é dedicada a algumas conclusões da pesquisa desenvolvida pela Ecconit Consultoria Econômica em parceria com a AELO. O tema foi debatido no início do Fórum Estadão Think sobre Loteamentos Urbanos 2024. O título da reportagem do jornal: “Estado de São Paulo concentra maioria dos empreendedores”.

Aqui está o texto:

A AELO realizou ainda outra pesquisa, em parceria com a Ecconit Consultoria Econômica, que traça um amplo perfil do mercado de loteamentos urbanos no Brasil. Essa pesquisa envolve um grupo de economistas com larga experiência em estudos setoriais com foco na construção civil e foi realizada de setembro e dezembro de 2023.

Com base em uma amostragem de 67 empresas loteadoras distribuídas pelo País, obteve-se um perfil que revela que o Estado de São Paulo ainda concentra a maioria dos empreendedores do setor. Do total, São Paulo concentra 50% dessas empresas, seguido por Minas (18,2%), Goiás (6,1%), Bahia (6,1%) e Ceará (3%). Pelo segmento de atuação, 40 dessas empresas atuam no ramo de loteamentos fechados, 53 de residenciais abertos e 20 de loteamentos mistos.

Nessa foto, obras de um loteamento na região de Campinas.

Estima-se que o número de lotes lançados em 2023 teve queda de 10% em relação a 2022, passando de 111.131 para 100.002 lotes em nível nacional. A pesquisa da Ecconit revelou valores médios do metro quadrado praticados nos últimos dois anos no País, de R$ 397 para loteamentos abertos e R$ 626 nos loteamentos fechados. A média de lotes por empreendimento é de R$ 826.

A pesquisa também apontou que, nos últimos dois anos, 9,6% dos contratos de loteamentos foram objeto de distrato. No caso do Estado de São Paulo, esse indicador foi de 8,8%.

Em nível nacional, a pesquisa mostrou que o tempo médio de aprovação dos empreendimentos, considerando todas as etapas, é de 43,3 meses nos últimos 5 anos. No Estado, esse prazo médio é de 46,8 meses. Já o tempo médio de venda dos lotes a partir do lançamento foi estimado pela Ecconit em 29,4 meses nos últimos cinco anos em termos nacionais. Em São Paulo, esse tempo é um pouco superior: 30,6 meses. Das empresas pesquisadas, 64,1% apontaram ao prazo de aprovação pelas prefeituras como principal fator para retardar projetos, seguido pelo licenciamento ambiental (29,9%) e registro dos empreendimentos (6%).

De acordo com a pesquisa da Ecconit, os custos com infraestrutura são os que mais afetam o valor final dos lotes. Os dados indicam que 4,04% desses gastos são com infraestrutura, 20,7% com serviços terceirizados, 18,6% com insumos e 4,8% com compensações ambientais.

Quando questionados sobre as principais dificuldades para os negócios, os loteadores apontam majoritariamente para as questões burocráticas e de aprovação dos projetos. Segundo a pesquisa, 96,9% dos entrevistados disseram que o maior entrave atualmente para o setor é o excesso de burocracia em diferentes instâncias de governo. Outros obstáculos mencionados foram dificuldades com as concessionárias, falta de financiamento à atividade, custo dos terrenos, carga tributária elevada e falta de mão de obra.

A partir dos dados, a Ecconit definiu algumas sugestões de ações necessárias para os empreendedores do mercado de loteamentos. Entre elas destacam-se a definição de regras claras e objetivas de responsabilização dos agentes envolvidos, a maior integração entre as esferas de governo e entre os entes municipais responsáveis pela análise dos projetos, transparência e digitalização dos processos e busca de linhas de crédito para obras de infraestrutura urbana.

 

Na região da Capital, os valores mais altos

No caso de loteamentos abertos, o maior valor do metro quadrado foi registrado na região metropolitana de São Paulo (R$ 795), explica o texto do “Estadão”. Em seguida, surgem Franca (R$ 705), Campinas (R$ 703) e São José dos Campos (R$ 677). Para comercialização de áreas em loteamentos fechados, o metro quadrado médio mais caro foi apurado na região de Franca (R$ 1.412). Depois aparecem as regiões metropolitanas de São Paulo (R$ 1.381), Ribeirão Preto (R$ 1.034) e Campinas (R$ 1.004) – todos acima da média do Estado.

O estudo “Mercado de Loteamentos”, também com foco no Estado, revela que, com relação a vendas no quarto trimestre de 2023, houve um aumento de 22% na região na comparação com o trimestre anterior. O preço médio do metro quadrado é de R$ 573 nos loteamentos abertos e de R$ 958 nos fechados. Do total de unidades lançadas, 69,7% são de terrenos em loteamentos abertos e 30,3% em loteamentos fechados.

 

Estes são, por ordem alfabética, os municípios da Região Metropolitana da Capital de São Paulo, cuja população, somada, passa de 21 milhões de habitantes – uma das maiores metrópoles do mundo:

1. Arujá
2. Barueri
3. Biritiba Mirim
4. Caieiras
5. Cajamar
6. Carapicuíba7. Cotia
8. Diadema
9. Embu
10. Embu-Guaçu
11. Ferraz de Vasconcelos
12. Francisco Morato
13. Franco da Rocha
14. Guararema
15. Guarulhos
16. Itapecerica da Serra
17. Itapevi
18. Itaquaquecetuba
19. Jandira
20. Juquitiba
21. Mairiporã
22. Mauá
23. Mogi das Cruzes
24. Osasco
25. Pirapora do Bom Jesus
26. Poá
27. Ribeirão Pires
28. Rio Grande da Serra
29. Salesópolis
30. Santa Isabel
31. Santana do Parnaíba
32. Santo André
33. São Bernardo do Campo
34. São Caetano do Sul
35. São Paulo
36. São Lourenço da Serra
37. Suzano

 

Jornal “Correio Popular” destaca o tema

O “Correio Popular”, o maior jornal diário de Campinas e um dos mais tradicionais do Estado de São Paulo, destacou, na edição de 16 de julho, os resultados da pesquisa Brain-AELO-Secovi, que apontam a região de Campinas como a de maior efervescência na área de loteamentos. A reportagem tomou por base os dados apresentados, no dia 11, pelo Caderno de Loteamentos Urbanos n.º 3, do “Estadão”, cujos textos são reproduzidos nesta edição do AELO ON (ver notas anteriores).

Em página inteira, aqui reproduzida, o “Correio” publicou a manchete “Região se destaca em venda de loteamentos no Estado” e ainda colocou, na primeira página da edição, uma extensa chamada sobre o tema.

O Caderno n.º 3 do “Estadão” repercutiu na mídia de vários outros municípios paulistas e de alguns Estados, a exemplo do que ocorreu com o Caderno n.º 1, em 2022, e com o Caderno n.º 2, em 2023.

 

Pesquisa Ecconit é sobre todo o mercado

Deve ficar claro para os associados da AELO que a pesquisa AELO-Ecconit para definição do Perfil Econômico do Setor de Loteamento e Desenvolvimento Urbano no Brasil, cujos resultados foram oficialmente divulgados e comentados no Fórum Estadão Think sobre Loteamentos Urbanos, em 24 de junho, tem abrangência em todo o País e serve de base para as empresas demonstrarem, em seus municípios, a importância desta atividade da economia brasileira. Por sua vez, a pesquisa trimestral da Brain é também de grande utilidade para o nosso setor.

A pesquisa AELO-Ecconit foi tema de um painel especial, no grande Fórum. O presidente da AELO, Caio Portugal, participou do painel, ao lado de dois membros da equipe técnica responsável pela pesquisa: Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos de Construção do FGV Ibre, e Robson Gonçalves, economista, sócio da Ecconit Consultoria Econômica, que aparecem nesta foto de Calão Jorge.

Caio Portugal ressaltou ao público a importância dos dados apresentados pela Ecconit. Coube a Ana Maria e Robson projetar as informações na tela do auditório e explicar os critérios usados pela a empresa para chegar a tais resultados.

A Ecconit Consultoria Econômica, de São Paulo, contratada pela AELO para coordenar, desde setembro de 2023, uma ampla pesquisa junto às empresas de loteamento e desenvolvimento urbano do País, chegou às conclusões no começo deste ano e produziu extenso material, de grande utilidade para o Fórum de 24 de junho e para futuras argumentações junto ao poder público, especialmente neste ano de eleições municipais e de tramitação da reforma tributária no Congresso Nacional.

O AELO ON ressalta que o “Estadão” publicou dados de duas diferentes pesquisas – a da Brain, que é feita a cada três meses, desde 2017 – e da Ecconit, lançada aos associados em outubro de 2023. Não deve haver confusão entre uma e outra pesquisa, embora ambas apontem para a valorização da atividade de parcelamento do solo no País.

Deve ser levado em conta que, em breve, estará circulando a edição n.º 119 do jornal impresso “AELO Informa”, com um número recorde de páginas: 24. A metade desse total será ocupada pela reprodução do Relatório Final da pesquisa AELO-Ecconit e por uma análise do presidente Caio Portugal.

 

Campanha Lote Legal completa 3 anos

A campanha Lote Legal, lançada pela AELO em julho de 2021, está completando três anos, no combate aos loteamentos clandestinos, com apoio de inúmeros parceiros. Várias prefeituras já aderiram a essa iniciativa. A primeira foi a de Campinas, que formalizou a parceria com a AELO em maio de 2022.

O site www.lotelegal.com.br é o canal para difusão da campanha e para receber denúncias. Além de tudo, o site contém a Cartilha do Comprador de Lote, com as indicações básicas para uma boa compra, contribuindo para evitar que consumidores de todas as regiões do Brasil caiam no conto dos loteamentos clandestinos.

O tema loteamentos clandestinos e loteamentos irregulares foi destacado em alguns trechos dos painéis do Fórum Estadão Think sobre Loteamentos Urbanos 2024, realizado em 24 de junho, em São Paulo, com apoio da AELO.

 

Senado já tem comissão para a reforma

Em 12 de julho, pouco ante do início do recesso parlamentar, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado decidiu criar um grupo de trabalho para acompanhar a tramitação da regulamentação da reforma tributária a partir da volta dos trabalhos ao Congresso Nacional, em 1.º de agosto. E agosto começa dentro de uma semana. O relator do tema, porém, será senador Eduardo Braga (MDB-AM).

A ação do novo grupo será semelhante à do que atuou na Câmara dos Deputados para a tramitação da proposta de emenda à Constituição que, em 10 de julho, instituiu a reforma tributária. Esse grupo de trabalho analisará o tema e apresentará um conjunto de emendas ao relator, que, por sua vez, decidirá se as aceita ou não.

O relator do grupo de trabalho será o senador Izalci Lucas (PL-DF), que aparece nesta foto. Natural da cidade de Araújos, Minas Gerais, Izalci foi eleito pelo PSDB no Distrito Federal, mas passou para o PL em março deste ano. Ele vai divulgar, em breve, um plano de trabalho do grupo. Serão realizadas audiências públicas para embasar as sugestões a serem encaminhadas ao relator Eduardo Braga. Então, caberá a Braga fazer o relatório a ser votado no plenário, com eventuais mudanças no texto aprovado na Câmara dos Deputados, em 10 de julho, o PLP 68/24 que regulamenta a aplicação dos tributos criados pela Emenda Constitucional de 2023.

Assim como aconteceu no período de audiências na Câmara, o presidente da AELO, Caio Portugal, e outros dirigentes de entidades imobiliárias deverão agendar viagens a Brasília em agosto e setembro, unindo-se à Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), na luta para tentar corrigir, no Senado, os desajustes prejudiciais à construção civil, ao setor imobiliário e à habitação.

Caio definiu, na análise publicada pelo AELO ON na semana passada, que nosso setor não abrirá mão de um direito assegurado pela democracia, o de argumentar junto aos três Poderes em defesa dos interesses da Nação.

Artigo de Gabeira: “Tributo à confusão”

O artigo “Tributo à confusão”, do jornalista e escritor Fernando Gabeira, publicado na página 6 do “Estadão” de sexta-feira, dia 19, chamou a atenção dos leitores, por condenar a polarização política que tomou conta do Brasil e por lançar críticas contra o governo Lula. Aos 83 anos, Gabeira, descendente de libaneses, mineiro de Juiz de Fora, radicado no Rio de Janeiro, se diz amadurecido, depois de ter participado de movimentos de esquerda contra a ditadura, ter sido preso; exilado no Chile, Itália e Suécia, e retornado ao País na época da redemocratização. Foi deputado federal pelo Estado do Rio, de 1995 a 2011, oscilando entre o Partido Verde (PV) e o Partido dos Trabalhadores (PT), escreveu vários livros e atualmente assina artigos para jornais, entre os quais o “Estadão”.

O jornalista Luiz Carlos Ramos, assessor de Comunicação da AELO, esteve na Redação do “Jornal do Brasil” em 1967, em sua primeira viagem pelo “Jornal da Tarde” para fazer entrevistas e reportagem no Rio, e conheceu pessoalmente Fernando Gabeira, então um pacato redator e chefe do Departamento de Pesquisas do “JB”. Um ano depois, Gabeira partiu para a clandestinidade, integrando a ala intelectual de movimentos terroristas.

O “JB”, no Rio, e o “JT”, em São Paulo, tidos como os mais inovadores jornais da imprensa brasileira dos anos 1960 e 1970, já não existem. Gabeira, por sua vez, passou por inúmeras mudanças de vida e de posições, a ponto de, atualmente, publicar artigos no “Estadão”, jornal liberal que ele chegou a condenar em seus tempos de jovem de esquerda, taxando-o de “reacionário”. Bem-vindo!

Luiz Carlos escolheu o artigo “Tributo à confusão”, de Fernando Gabeira, para fazer parte na edição n.º 998 do boletim AELO ON, acreditando que textos desta qualidade contribuem para reflexões da esquerda e da direita. O Brasil em primeiro lugar.

Aqui está o artigo:

A reforma tributária está sendo comemorada como um grande avanço. Os mais prudentes dizem que é uma reforma possível, longe da ideal.

Para mim, existem aspectos muito brasileiros em todo esse esforço. O que era destinado a superar a grande confusão tributária acabou resultando em algo muito confuso, apesar das melhoras. O que nos leva a suspeitar que um grande nível de caos existe não apenas no conjunto das leis, mas, principalmente, na cabeça das pessoas.

A primeira constatação aparece na maneira como querem simultaneamente uma ampla isenção e uma tarifa baixa. É evidente que, quanto maior o número de produtos excluídos da cobrança, isso vai refletir nos outros.

A solução mágica foi determinar uma tarifa máxima, de 26,5%. Uma vez determinado esse patamar, era possível incluir entre os isentos, por exemplo, a carne, inclusive os tipos mais caros, consumidos por pessoas de alta renda.

Eles conseguiram resolver a relação entre duas variáveis fixando apenas uma delas. É como dizer que só posso gastar R$ 5 mil por mês mas vou comer todos os dias em restaurantes e fazer uma viagem à Europa.

Nas discussões de reforma tributária que presenciei, foram muitas ao longo desses anos, sempre surgiu a questão ambiental. Agora, parece que levaram um pouco mais a sério, mas ainda assim decidiram incluir o carro elétrico no chamado imposto do pecado.

O raciocínio é este: as baterias depois de usadas são poluentes. Avariam o carro elétrico só depois de sair de circulação, abstraindo o tempo de uso.

Existe sempre algo de subjetivo na escolha dos produtos a serem isentados. Pessoalmente, não isentaria o açúcar e faria uma carga para que fossem taxados com ênfase os alimentos ultraprocessados.

Minha opinião é baseada em conselhos de médicos e nutricionistas. Mas parece que a questão da saúde pública não foi avaliada em profundidade.

Quando digo que a reforma tributária foi o maior avanço dado pelo Congresso, o faço com resignação. Não é possível esperar grandes saltos no Brasil de hoje.

O próprio governo se empenhou na questão da carne. Foi uma proposta de campanha de Lula da Silva, logo era preciso incluí-la na lista dos não taxados. O resultado real no preço da carne virá nos próximos anos, mas o ganho simbólico é imediato.

Não se pode criticar o governo por querer agradar seu eleitorado básico nem por tomar precauções para não ser suplantado nas próximas eleições.

Mas é possível duvidar da eficácia dessas táticas. Há alguma coisa no Brasil que vale a pena relacionar com a Inglaterra, apesar das diferenças.

Tive a oportunidade de presenciar o fim de um ciclo conservador e o início de uma era trabalhista, na eleição de Tony Blair. No período em que estiveram fora do poder, os trabalhistas se renovaram para conduzir o seu próprio ciclo.

O mesmo aconteceu agora, com a vitória nas últimas eleições. O Labour passou para estar pronto na alternância.

Muito possivelmente, no Brasil, a alternância entre conservadores e social-democratas também acontecerá. A diferença é que as forças fora do poder não se preparam nem se transformam para um novo ciclo.

Creio hoje, passados quase dois anos de novo governo, que vivemos esse problema. O período de travessia do deserto da esquerda não foi utilizado para uma renovação no mínimo de ideias.

O resultado de tudo isso potencialmente pode encurtar o ciclo. Há várias desvantagens de enfrentar uma nova batalha como se fosse a antiga. As circunstâncias são outras e as respostas à situação transformada são muito pobres, fora do lugar.

Por outro lado, a incompreensão dos erros passados é muito perigosa diante de uma opinião pública cada vez mais exigente.

Episódios como a manutenção no cargo de um ministro das Comunicações indiciado pela Polícia Federal, a volta com todo o prestígio dos irmãos Batista, aparentemente favorecidos por uma medida provisória milionária, a demissão de três gerentes da Caixa Econômica que se colocaram contra uma compra de R$ 500 milhões de letras financeiras do Banco Master – tudo isso fortalece a visão de que nada mudou quando a esquerda estava fora do poder.

Por que existir mudanças da esquerda se a direita, por seu turno, continua mergulhada nos próprios erros?

É exatamente disso que estou falando. Não se trata de julgar nenhuma das duas forças, mas apenas constatar como são fiéis aos seus erros e como isso significa que não avançaremos muito, enquanto formos prisioneiros da polarização.

No momento, vivemos uma situação interessante na França. Houve uma unidade para vencer ou pelo menos barrar a ascensão da extrema direita. De uma certa forma, guardadas as proporções, foi o que aconteceu no Brasil nas eleições.

Passado o momento das comemorações, tanto aqui como lá, torna-se evidente que a motivação eleitoral não basta, isto é, não se trata apenas de derrotar o adversário.

É preciso ter um programa e realizar um bom governo para que o ciclo no poder seja mais longo, não por simples vontade de poder, mas para que haja tempo para realizar o projeto e provocar transformações duradouras, dessas que a própria alternância não consegue destruir.

 

AELO (11) 3289-1788       www.aelo.com.br

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